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Ficção! Ou não...


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w27.8.02


Capítulo 1
A Casa


Ao entrar na estranha casa, ele encontrou um garoto ainda mais estranho. “Olá, Thomas”, disse o jovenzinho. “Eu estava te esperando”, completou.

- Quem é você, e como sabe meu nome, respondeu Thomas.
- Você é aquele que procura por respostas. Eu vou ajudá-lo em sua busca.

- Então, comece me dizendo “Por que”.
- Não há “por que”. Tudo na vida tem um ponto em que se inicia e em que termina. De um jeito ou de outro. É assim que as coisas são.

- Não posso acreditar que é só isso, gritou Thomas, visivelmente nervoso. - Tem que haver mais!!
- Sim, existe, disse sorrindo o menino. - Há o amor e a linha tênue que o separa do ódio.
Ao dizer isso, o garoto começou a andar em círculos na sala suja em que os dois se encontravam.

- Sabe, Thomas, continuou ele. A vida é um círculo. A única coisa que você realmente precisa saber é que não há becos sem saída.

- Não? Então o que acontece quando escolhemos um caminho errado?

- Hahaha... riu o pequenino. Você não aprendeu nada mesmo, né? Ouça com atenção: não existem caminhos errados. Tudo que você faz em sua vida é o que deveria ter sido feito. É a sua percepção que pode alterar a realidade.

- Realidade... Isso é algo que eu também não entendo... Ei, qual é mesmo o seu nome?
- E isso importa?
- Talvez. Eu não sei para onde estou indo depois daqui. E nomes têm poder. Quem sabe se eu não vou precisar de um pouco dessa força?

- Você não vai. Confie em mim.
- Pensa que sabe tudo, não?

- Tudo não. Só o básico. Você também deveria estar sabendo isso agora.

- Humpf! Como você mesmo disse, eu sou aquele que procura por respostas. Eu não sei das coisas. Mas não se desvie. Nós estávamos falando sobre a realidade.

- A realidade é.
- O quê? Como...

- Abra seus olhos. Sinta o que está ao seu redor. Não há muito para se dizer, há?
- É.. não.
- Como eu disse, a realidade é.

De repente, tudo em volta deles se iluminou. Thomas pôde ver claramente o local em que se encontrava. A sala daquela casa velha não parecia mais tão suja. Era como se uma cortina estivesse sobre seus olhos e ela, subitamente, foi aberta.

- Eu... entendo, disse Thomas. Mas é como se eu visse apenas uma parte do todo.

- Muito bem, estou orgulhoso, respondeu amigavelmente o rapazinho. O primeiro passo está dado. A partir de agora há duas coisas a se fazer: subir ou descer. E você fará um pouco dos dois.
-É.. eu realmente tenho muito a descobrir. Pois já não entendo o que você está dizendo.

- O que quero explicar é que muitas coisas são sem ser na verdade. E que bem e mal são duas faces da mesma moeda. Subir e descer, claro ou escuro, dia e noite... tudo e nada ao mesmo tempo, entende?

- Sinceramente? Não.

-Hehehehe... melhor assim. Ninguém sabe tudo. Isso, você já percebeu.
-Sim, foi a minha primeira lição: saber que não sabia. O problema é não saber nada nunca. Isso é o que mais me incomoda.
- Você acha que não sabe de nada?
- Acho que sei muito pouco.
- Tu sabes muito, meu caro. Ter consciência do desconhecido já demonstra uma sabedoria imensa. É preciso que te valorizes! Se você não gostar de você mesmo, ninguém mais vai gostar.

Thomas mostrou-se um tanto incomodado com as palavras daquela criança estranha (o menino não aparentava mais do que dez anos). Incomodava-lhe, principalmente, o tom mais sério e até meio enérgico que ele havia tomado em suas últimas palavras. Assim, resolveu responder da mesma forma, em gravemente:

- Eu gosto de mim!
- Gosta, mas duvida de si mesmo. Eu sei de tudo o que você passou. Mas sua reação poderia ter sido mais positiva.

- Olhe aqui, seu fedelho! Não vamos mais conversar enquanto você não me disser quem é você. E como sabe tanto sobre mim, disse Thomas claramente abalado por aquilo que considerou uma total e completa invasão de privacidade.
Seu passado era algo que só dizia respeito a ele mesmo. E ele havia se esforçado demais para soterrá-lo dentro de si. Aquele moleque, seja ele quem for e saiba ele o que souber, não tinha o direito de mexer com aquilo.

- Cale-se e lembre-se! gritou o menino, indo em direção a Thomas, subindo em uma cadeira que havia por lá e tocando com o dedo indicador direito em sua testa.

Um turbilhão de imagens invadiu a mente de Thomas.

posted by Thiago Costa at 11:01 PM